O "pai" da pílula contraceptiva esteve há uns dias atrás no Porto e concedeu algumas entrevistas aos jornais portugueses, cujo conteúdo não deixa de ser, em algumas partes, polémico e controverso.
Afirmou Carl Djerassi que "a decisão de engravidar é da mulher e de mais ninguém e que será impensável, sequer, legislar sobre o assunto". Ora, este tipo de afirmação corre o risco de ser mal interpretada, visto que dá a entender que o homem não deve ser tido nem achado para o acto da concepção. Refere ainda o cientista que "o futuro será o de filhos sem sexo e que pessoas sem problemas de infertilidade irão usar os métodos de fertilização in vitro e que serão quase exclusivamente mulheres a tomar essa decisão". Ora, a forma simples e banal como estas afirmações são proferidas pode provocar uma certa desresponsabilização do acto de concepção, o que se poderá tornar perigoso e insustentável no futuro...
De facto, não se pode "pedir" à sociedade que se despreocupe com o acto de conceber novas vidas, numa espécie de umbiguismo e egoísmo exacerbados, fazendo-se crer que no futuro bastará recorrer a um banco de esperma para qualquer mulher ter o seu filhinho, como se um filho fosse um brinquedo qualquer.
Concordo com a fertilização in vitro e com as novas técnicas postas à disposição dos casais com problemas de fertilidade, desde que o problema se coloque apenas a esse tipo de casais. Agora, considero um erro banalizar o acto da concepção de uma nova vida aos caprichos individualistas de qualquer mulher, sem que o conceito de família seja tido ou achado. Doutra forma, correr-se-ia o risco de no futuro termos uma sociedade espartilhada e desregulada, onde os papeis do pai e mãe passariam a ser considerados como subalternos.
Dito isto, penso que as entidades competentes devem legislar no sentido de não termos uma banalização da concepção assistida, ao mesmo tempo que se devem defender os casais com problemas de fertilidade. Os caprichos e egoísmos individualistas não se devem sobrepor à responsabilidade de defender e promover a família...
4 comentários:
Bless those who are not afraid of what the future holds...
Neste particular estou inteiramente de acordo consigo. Este cientista revela-se destituído de qualquer sentimento de família. Se esta banalização acontecesse, amanhã seriamos confrontados com a opção dos casais de lésbicas passarem a conceber por este processo e a possuirem os filhos que desejassem sem estes nunca saberem quem teriam sido os seus verdadeiros pais.
Um autêntico absurdo ao qual se deverá opor a nossa sociedade, pois um filho num é comparável ao animal de estimação que se adquiri numa qualquer loja da especialidade.
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Desculpem, mas o Admirável Mundo Novo não é de Aldous Huxley?
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