sábado, julho 08, 2006

Finalmente, de volta ao país real...

Depois de um mês em que quase todos os portugueses estiveram completamente anestesiados com o percurso da nossa selecção no campeonato do mundo de futebol eis que o país "volta a a cair na real", como dizem os nossos irmãos brasileiros. Durante um mês, televisões, rádios e jornais quase que resumiram a actualidade nacional à vida de cerca de vinte homens que foram representar Portugal a um campeonato do mundo: as horas do acordar e do deitar, a ementa das refeições, os autógrafos, as declarações, as entradas e saídas do autocarro, os treinos, as corridinhas, enfim, tudo serviu para que os portugueses não se pudessem queixar de que não sabiam o que se passava na Alemanha com a selecção, desde a notícia mais óbvia até à mais miséria insignificância informativa! Mas, o português típico não se queixa: come tudo o que lhe dão...
Pois bem, agora que o Mundial 2006 acabou para Portugal, há que voltar a ter os pés bem assentes na terra e ver como está o nosso país: na saúde, as filas de espera continuam enormes e as grávidas das regiões do Interior desesperam com o que lhes poderá acontecer na hora de darem à luz; na educação, o insucesso escolar continua a ser uma evidência e os professores lamentam-se da falta de respeito que o Ministério demonstra ter por esta classe profissional; na justiça, a lentidão e as trapalhadas processuais não desaparecem; na economia, o encerramento de fábricas, o desemprego e a falta de investimento externo parecem estar para ficar... Resta-nos a galinha dos ovos de ouro dos últimos trinta anos, o turismo, para além do qual parecem não existir alternativas credíveis. Entretanto, os interesses e as amizades continuam a ser realidades mais que óbvias e até aqueles que deveriam dar o exemplo dão azo a que o povo continue a pensar que os políticos são, afinal, todos iguais...
Triste país este que apenas tem razões para sorrir quando lhe dão futebol ou música...

6 comentários:

PF disse...

Grandes verdades, Pedro!
dou-te toda a razao!!!!!!!
Penso exactamente o mesmo!
Chega a dar-me nauseas de ver esta cegueira incrivel do povo relativa ao futebol..como se isso trouxesse algo de bom para a nossa vida....enfim!
É triste, mesmo, como tu dizes!
Nao sou patriota, precisamente por nao me identificar minimamente com este país, com esta cultura e mentalidade.
Sou uma cidadã do mundo... que procura ser feliz..como todos nós!

Um beijinho e bom Domingo.:)

Carlos disse...

Pedro,

Acabou-se o foguetório futebolístico. Recomeça e pirotecnia política de Sócrates.

Muito por culpa da oposição que alinha nesta agenda e vai olhando para fogo de artifício, em vez de fazer uma oposição cerrada mas construtiva a todas as medidas tomadas (e por tomar) pelo governo.

A propósito - que é feito de Marques Mendes - emigrou ??

Anónimo disse...

Parabéns Pedro por tudo o que escreves-te.
É pura realidade e és o meu orgulho, não por andares a correr atrás de uma bola e sim por teres
os pés bem assentes na terra.
Continua assim e a Di ao longo da sua vida vai ver o pai maravilhoso que tem.
Um beijão

IsaMar disse...

Olá,
Faço minhas as tuas palavras...
É caracteristico dos portugueses...qualquer coisa serve para animar e esquecer os problemas.

fica bem

Anónimo disse...

Pedro, sem dúvida, concordo com todas as tuas palavras, mas só mais uma coisinha para quem nao percebe muito de futebol, seria muito triste os nossos jogadores nao pagarem imposto sobre o prémio, vá lá desta vez o "DESgoverno" nao foi nesta, assim o espero... Tantos portugueses que nao recebem, que estao desempregados, reformas miseráveis, e pagam tudo. Seria uma grande injustiça. O nosso pais à beira mar plantado tem desplante para tudo...
Beijos da Maria do Céu

Anónimo disse...

Verdades bem escritas.
Um pequeno episódio sobre Portugal/Futebol: Na Tunisia, perguntam-me, italiana? Respondi: portuguesa. Há, portuguesa de Portugal, Figo!...
Como vê, é assim que Portugal é conhecido, e muito!... É triste, mas verdade
Gosto da forma que escreve, só é pena que não cheguem estas vozes e não façam eco aos nossos governantes.
Maria, de Portugal