segunda-feira, outubro 10, 2005

Autárquicas 2005: uma breve reflexão

Os resultados destas eleições autárquicas evidenciam, em primeiro lugar, que a maioria dos portugueses estão satisfeitos com o trabalho desenvolvido pelos "seus" autarcas, apesar de tudo o que se diz e se sabe sobre o endividamento de muitos municípios e as ligações perigosas que alguns autarcas parecem ter com o lobbie da construção civil...
Por outro lado, não admitir que o PSD e a sua liderança saem reforçados destas eleições é não querer admitir que a estratégia levada a cabo por Marques Mendes deu excelentes resultados, da qual a derrota em Faro constitui a excepção que confirma a regra. Depois, há que aceitar os factos: o PS, nas pessoas de Jorge Coelho e José Sócrates, saem amplamente derrotados, visto que os candidatos por eles apoiados a cidades tão importantes como Lisboa, Porto, Sintra, Coimbra ou Gaia tiveram resultados aquém dos esperados, alguns dos quais vergonhosos. Outros derrotados que deveriam aprender a lição e afastar-se de vez da política foram Carrilho e Soares (pai e filho).
Quanto à questão que se tem levantado sobre se o Governo deve tirar ilações desta derrota socialista, penso que tal não se deve colocar. Os portugueses sabem distinguir os actos eleitorais e não acredito que alguém fosse votar num candidato do PSD, da CDU ou de outro partido apenas para penalizar o Governo. Agora que Sócrates sai fragilizado, enquanto líder do partido que apoia o Governo, disso não restam dúvidas.
E o que dizer do trio de independentes de que tanto se fala? Penso que os eleitores desses três concelhos avaliaram de forma positiva a acção desenvolvida nos respectivos municípios por Valentim, Fátima e Isaltino, ignorando a falta de ética que estes demonstraram. Mas, fica claro que ainda há que legislar muito para que algum caciquismo seja derrubado a nível autárquico e para que a ética política seja valorizada para bem de todos nós. Aliás, a postura de Valentim na hora de cantar vitória demonstra bem que há quem tenha muito medo de perder o poder. Porque será?
Seguem-se as presidenciais...