sexta-feira, dezembro 19, 2003

Contra-informação no Congresso da Justiça

Por estes dias está a decorrer em Lisboa o 1º Congresso da Justiça, com a presença dos principais intervenientes da justiça, desde juí­zes, advogados, solicitadores, procuradores, entre outros. Esta será mais uma feira de vaidades, recheada de discursos feitos em casa e, onde no final, todos dirão que os objectivos foram cumpridos e que a justiça sairá a ganhar...
Mas, neste Congresso houve algo que revela que a informação pode muitas vezes ser deturpada, mesmo pelos agentes que, em princí­pio, não o deveriam fazer: os agentes da Justiça. É que ontem foram apresentados os resultados de um inquérito, como se estes tivessem alguma base científica. Este inquérito foi da autoria de Célia Costa Cabral, professora de Economia na Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa e teve a anuência dos organizadores do Congresso para fazer ver à sociedade que a situação da justiça é causadora do reduzido crescimento económico português. Diz a autora, citada pela TSF que "se a justiça portuguesa funcionasse bem, as empresas aumentariam 9,9% no investimento, criariam mais 6,9% de emprego e o PIB poderia crescer 0,2%, ou seja, a taxa de crescimento aumentaria 11%".
Ora, como se é permitido que num Congresso que deveria reger-se pelos princí­ios da honestidade e da informação correcta virem com afirmações assentes em simples inquéritos feitos a 2700 empresas, cujas respostas são baseadas em meros estados de espírito e suposições dos empresários?
Seria bom que o Bastonário dos Advogados, pelo menos desta vez, não tivesse ido atrás da desinformação...

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