segunda-feira, dezembro 22, 2003

A contracepção e o aborto

Retomando o tema do aborto, não no termo ético-moral (pois neste aspecto penso que é mais do que clara a condenação do aborto), há um facto novo que permite demonstrar que a prática do aborto é, efectivamente, um acto de desleixo e de desresponsabilização por parte das pessoas que o cometem.
Reparem nos seguintes dados revelados pelo Público de hoje: em 2001, os gabinetes de planeamento familiar efectuaram mais de 740 mil consultas, contra cerca de 440 mil em 1990; em 2002 foram entregues, nos gabinetes de planeamento familiar cerca de 7,6 milhões de embalagens de pílulas convencionais; no ano passado foram vendidas mais de 140 mil embalagens de pí­lulas do "dia seguinte"; em 2003, cerca de 80% das mulheres em idade fértil usaram alguma forma de contracepção.
Ficamos assim a saber que a grande maioria dos casais portugueses está devidamente informada sobre a forma de evitar a gravidez e que, grosso modo, só engravida quem quer... Ainda por cima, com tantas mulheres que gostariam de engravidar e o não conseguem por razões biológicas, é no mí­nimo, revoltante ver mulheres que ao engravidarem, optam por negar esse privilégio...
Ora, se nos últimos anos se verificou em Portugal um avanço visível na forma de encarar a contracepção pela maior parte dos portugueses, porque razão é que aqueles que são a favor da despenalização do aborto ainda pensam de forma arcaica, como se Portugal ainda vivesse num tempo em que evitar a gravidez era impossível. Aí­ sim, os seus argumentos ainda poderaim ser considerados, mas, num tempo em que a forma de encarar a gravidez não pára de evoluir, os pró-despenalizadores do aborto parecem ter parado no tempo!
Quanto ao argumento da livre escolha que deve ser cometida à mulher como "dona" do seu corpo, remeto os apoiantes desta ideia para o meu anterior post... É bem elucidativo da forma como os apoiantes da despenalização do aborto encaram os conceitos da liberdade e do amor!

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