Segundo dados do INE, o número de crianças nascidas fora do casamento representa já um quarto do total de nascimentos em Portugal (25,5% em 2002). Esta realidade deve-se a vários factores, entre os quais se destacam o aumento das uniões de facto, o crescimento da taxa de divórcios e a preferência crescente pelo celibato.
Contudo, este é também um sinal de precaridade por valores que há uns anos atrás eram tidos quase como que intocáveis. Como acentuam prestigiados sociólogos do Instituto de Ciências Sociais ouvidos pelo Público, "longe de poderem ser vistos como a realização do ideal moderno da relação conjugal, os actuais nascimentos fora do casamento são antes um sintoma de precariedades várias".
Quer se queira, quer não, a verdade é que a banalização dos nascimentos fora do casamento cria na sociedade e, sobretudo, nas camadas mais jovens, um certo desrespeito por normas civilizacionais que, até há bem pouco tempo eram convenientemente preservadas.
Nascer no seio de uma "família" complexa e desregulada, com um pai que tem filhos de outra mulher com quem está casado ou com uma mãe que já o foi antes noutra família, cria uma instabilidade emocional nessas crianças, que, muitas vezes, está na origem de comportamentos de risco que essas crianças adoptam. Por outro lado, o acompanhamento que os legítimos pais deveriam fazer para com os seus filhos, nestas circunstâncias de instabilidade, não é, muitas vezes, o melhor, com consequências negativas ao nível escolar e social.
Seja como for, os portugueses continuam a preferir o casamento e a maior parte continua a casar-se na Igreja Católica, o que é prova de como as ideias libertárias de alguns ainda não são regra. Felizmente...
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