Depois de eu e a minha esposa termos passado por uma experiência difícil de superar no imediato (sobretudo para ela), a vida tem de voltar à normalidade possível, com a esperança de que melhores dias virão e convictos de que o pessimismo e o derrotismo não nos levam a nenhum lado.
Tanto eu como a Salete queremos, antes de mais, agradecer as palavras amigas e de conforto que recebemos aqui no Intimista, vindas de pessoas que não conhecemos pessoalmente, mas que nos deixaram sensibilizados. A todos, o nosso muito obrigado...
Esta foi uma daquelas experiências que julgamos só acontecer aos outros, mas que na realidade, depois do que observámos no hospital onde a Salete esteve internada, acontece, infelizmente, com alguma regularidade. Pelo que passámos, tanto eu, como a Salete, apronfundámos ainda mais a nossa ideia de que a liberalização do aborto não constitui mais do que o abrir de portas à banalização de um crime, que é retirar a vida a um ser que, na verdade, está formado e que age e reage... Perturba-me sobretudo a ideia de se poder vir a permitir a morte de seres humanos (independentemente do tempo de gestação) que não sofrem de qualquer anomalia e que não colocam em risco a vida das suas mães, com a justificação de que o direito a ser "dona de uma barriga" é mais importante que o direito à vida...
Depois de duas semanas de contacto com muitos casos de aborto expontâneo e de casos em que o feto não sobreviveu, naturalmente, à gestação, com mães e pais chorando o desaparecimento dos seus filhos, fico ainda mais convencido que o aborto só deve continuar a ser válido para os casos de excepção já previstos na lei. Agora, retirar a vida a seres indefesos só porque não são desejados, não passa, quanto a mim, de um autêntico acto de infanticídio...
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