sábado, outubro 08, 2005

Por um final de vida com dignidade...

Hoje, 8 de Outubro, comemorou-se o Dia Mundial dos Cuidados Paliativos. Tal como em muitas outras ocasiões, hoje falou-se um pouco sobre este fenómeno nos noticiários televisivos e jornais, para depois se passar mais um ano no silêncio e esquecimento. Até é provável que muita gente desconheça o significado de "cuidados paliativos" e nem sequer se dê ao trabalho de reflectir sobre este novo desafio com que as sociedades desenvolvidas se confrontam...
É que com o aumento da esperança média de vida e o reforço da medicação tem vindo a aumentar o número de pessoas que têm um final de vida cheio de sofrimento, numa espécie de morte degenerativa. Com uma população cada vez mais envelhecida e, muitas vezes, esquecida e abandonada pelos mais novos (até pelos próprios filhos!) cabe ao Estado, na sua vertente social, prestar o apoio efectivo e qualificado aos que são confrontados com doenças prolongadas e incuráveis. Portugal apenas possui sete hospitais preparados para cuidar destes doentes, pelo que, num País onde o envelhecimento é cada vez mais notório, urge apostar na criação de estruturas e na formação de profissionais especializados a este nível.
Sei do que falo, visto que tenho assistido, de há dois anos a esta parte, ao sofrimento que tem tomado conta do meu avô e que tem sido, dentro do possível, minimizado pela acção que tem sido desenvolvida pelos excelentes profissionais do Serviço de Medicina Paliativa do Hospital do Fundão.
Ninguém sabe o dia de amanhã, mas não desejo a ninguém o final de vida que tem tomado conta do meu avô. Apesar do sofrimento que o aflige, ele tem a sorte de ter uma família que o tem apoiado continuamente e a excelência de um serviço hospitalar especializado nos cuidados paliativos. Mas, pensemos nos milhares de idosos que são simplesmente abandonados às portas da morte! E, não me venham com a conversa da eutanásia...
Aqui deixo o meu sincero agradecimento a todos os profissionais (médicos, enfermeiros e auxiliares) que dão do seu melhor em benefício daqueles que têm o azar de ter um final de vida em sofrimento. E, ao meu querido avô, que "espera" agora que Deus o chame, o meu muito obrigado por todos os ensinamentos de vida que me deu e moldaram, em muito, a minha personalidade.

2 comentários:

Anónimo disse...

Realmente existem cada vez mais pessoas, principalmente idosos,gravemente doentes. Acompanhar uma pessoa nesse estado é uma experiência profunda e dolorosa. É certo que os cuidados paliativos, sendo um conjunto de técnicas altamente especializadas, aliviam a dor e o sofrimento físico, mas é sempre uma situação muito difícil para quem a vive. Deixo-te aqui um grande abraço por tudo aquilo que tens passado e pela tua força e coragem.

Anónimo disse...

Caro Pedro

Conheço o teu Avô que é de uma simpatia contagiante. Foi ele que me deu alguns prospectos para, tal como ele, deixar de fumar.

Um abraço solidário e amigo