Nesta parafernália contínua de notícias que nos chegam a casa acerca desta verdadeira catástrofe nacional, que são os fogos florestais, só se houve a população pôr culpas no Governo por esta situação calamitosa. De facto, são poucos aqueles que falam das responsabilidades que os proprietários dos terrenos florestais deveriam assumir nesta questão. Será que a população portuguesa sabe que a maior parte dos 60 mil hectares que arderam até hoje desde a última semana correspondem a propriedade privada e que a manutenção dos terrenos limpos e o desbravar de caminhos florestais são incumbência desses senhores proprietários?
Criticar o Governo pelo que tem ocorrido é tarefa fácil, mas a verdade é que quando se tem um terreno, seja florestal ou não, a sua protecção é dever do seu dono. Ser-se detentor de uma propriedade é como ser-se dono da sua casa: há regalias, mas também há obrigações a cumprir! Que é feito do dever de proteger os terrenos de que se é dono?
Claro que o Estado não é tido aqui como um anjinho, mas nesta questão dos fogos florestais as culpas devem ser assumidas por todos aqueles que têm interesses na floresta portuguesa e que deveriam protegê-la: Estado, câmaras municipais, fábricas de papel, madeireiros e proprietários florestais. Sejamos imparciais!
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