quarta-feira, agosto 06, 2003

Mais um muro da vergonha?

Para os lados do Médio Oriente, num aparente período de tréguas entre israelitas e palestinianos, o problema que, actualmente, parece mais difícil de ultrapassar relaciona-se com a intenção de Israel em construir uma "divisória" (uns dizem muro, outros falam em cerco) que separará a Cisjordânia do território israelita. Esta divisória será constituída por um conjunto de fortificações defensivas com uma largura que pode atingir dezenas de metros, incluindo uma vedação electrónica, fossos antitanque e, em alguns pontos, uma muralha de betão com oito metros de altura.
Do lado de Israel, Sharon afirma que se trata do levantamento de um cordão de segurança, que visa impedir a entrada de terroristas que realizam ataques suicí­das, enquanto que os palestinianos falam num novo "Apartheid" e numa intromissão dos israelitas em território alheio.
Esperemos que este muro não se transforme num novo "muro de Berlim", mas que, a ser erigido tenha, de facto, uma função de segurança e defesa, com vista a que as populações dos dois territórios não entrem numa escala de viollência. Pode ser que, assim acabem os ataques suicídas. Sinceramente dúvido que tal se concretize! É pena que, para não haver violência entre dois povos se tenha de construir um muro que os divida.
No entanto, a existência de um Estado palestiniano, internacionalmente aceite como tal na ONU e noutras organizações, só poderá ocorrer num clima de confiança, que este muro parece não fomentar. De facto, o grande problema é que a Autoridade Palestiniana só poderá ser vista pelos israelitas como um interlocutor válido quando ela própria conseguir impôr-se no seio da sua população e, sobretudo, quando conseguir controlar e eliminar os grupos terroristas. Só assim, o Governo israelita e a comunidade internacional poderá confiar no Governo palestiniano e tentar chegar a um efectivo diálogo.
Até lá, esperemos que este muro que está em construção não seja mais um muro da vergonha!

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