domingo, novembro 02, 2003

100 000 com açucar na lí­ngua...

Segundo o jornal Público, são já perto de 100 000 os brasileiros que se encontram a viver legalmente em Portugal, o que faz desta a maior comunidade estrangeira com residência oficial no nosso país. Depois de nos anos 80 termos recebido milhares de caboverdianos e de nos finais dos anos 90 termos assistido à entrada de muitos ucranianos, agora é a vez de abrirmos as portas aos nossos "irmãos" brasileiros.
Enquanto que os originários de Cabo Verde tiveram algumas dificuldades em se integrarem no nosso país, com o registo de inúmeros episódios de racismo e discriminação, aos quais os próprios não estão isentos de culpa, as comunidades ucraniana e brasileira parecem estar a integrar-se de forma mais amena.
Em relação aos originários do Brasil, à sua fácil integração não deve ser alheia o seu temperamento descontraí­do e alegre e o facto das mulheres brasileiras facilmente se adaptarem ao macho latino. A sua grande vantagem é, sem dúvida, o sotaque açucarado...
O problema é que, em tempos de crise, como o que se vive actualmente, muitos portugueses não vêem com bons olhos a entrada de tantos estrangeiros no nosso território, argumentando com a falsa questão de que estes nos retiram os postos de trabalho, fomentando assim o aumento da taxa de desemprego. Depois há que acrescentar as afirmações incoerentes de políticos como Paulo Portas que ajudam a criar no país a ideia de que os imigrantes não são necessários a Portugal.
Sejamos coerentes: pelos estudos conhecidos, nos próximos anos, Portugal vai necessitar de mão de obra estrangeira, isto se quisermos crescer a uma taxa superior à da média da União Europeia. Mas, para tal é imprescindível que os imigrantes estejam bem inseridos na nossa sociedade, o que equivale a dizer que se encontrem legalizados e em igualdade de circunstâncias em relação aos portugueses. Ou seja, não nos interessa uma mão de obra estrangeira facilmente explorada a troco de salários mais baixos do que aqueles que são pagos aos portugueses. E, para isso, é necessário que a Inspecção do Trabalho funcione e que as redes de tráfico de estrangeiros sejam banidas...
Pode ser que assim, muitos portugueses "dêem ao litro" e trabalhem da mesma forma que trabalham no estrangeiro...

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