sábado, novembro 29, 2003

Louçã: o defensor dos estudantes...

O deputado do Bloco de Esquerda, Francisco Louçã (a cara do defunto PSR) escreve hoje no Público um artigo onde tenta escalpelizar as diferenças de atitude que a esquerda e a direita têm para com o sistema de ensino..
Para Louçã, a direita defende a mercantilização de todos os bens sociais, enquanto que a esquerda defende a gratuitidade de tudo aquilo que é direito social. Estranha forma esta de reduzir à simplificação mais banal as diferenças entre a esquerda e a direita!
O deputado bloquista consegue ser de uma ginástica impressionante ao defender a gratuitidade do ensino e da saúde, ao mesmo tempo que invoca a diminuição dos impostos... Donde pensará Louçã que vem o dinheiro que possibilita um melhor acesso da população à educação e à saúde? E porque será que Louçã ficou parado no tempo, esquecendo-se de que a ideia que profetiza a gratuitidade dos bens sociais está ultrapassada?
Louçã e os seus camaradas da esquerda revolucioária têm que meter na cabeça que vivemos num tempo em que o Estado, mais do que garantir a gratuitidade de tudo aquilo que Louçã julga não mercantilizável (será que também a cultura está neste rol), tem sim de pugnar pela igualdade de acesso da população aos direitos sociais, defendendo os mais desprotegidos (através da concessão de bolsas, abonos e subsídios).
No caso concreto dos protegidos de Louçã (os estudantes), o Estado tem de garantir a igualdade de acesso ao Ensino Superior e ajudar os mais desfavorecidos (através da concessão de bolsas de estudo, do aumento do número de residências universitárias para os estudantes deslocados, da diminuição dos custos de transportes e da diminuição do valor das propinas, etc.). Por outro lado, o Estado não pode ser complacente com aqueles estudantes (e não são poucos!) que precisam de dois ou mais anos para completar as cadeiras de um ano lectivo (para estes impõe-se um aumento de propinas e inclusivé a explusão do ensino universitário).
Louçã afirma também que esta política de direita dará origem a um ensino de elite, enquanto que da política da esquerda revolucionária resultaria um ensino aberto e de sucesso. Puro engano! A polí­tica desta direita é realista (pois a gratuitidade apenas se deveria aplicar nos paí­ses onde todos são "pobrezinhos"), socialmente mais justa (pois ajuda os mais fracos e desfavorecidos) e finalmente mais meritória (pois premeia os mais estudiosos). Já a política louçãnista seria uma espécie de combinação entre o facilistismo faccioso e a anti-meritocracismo...
Mas o deputado Louçã só sabe falar de direitos, não é? Pensa que vivemos num paí­s onde todos são pobres e por isso tudo deve ser gratuito. Se vivêssemos como vivíamos há 40 anos atrás até era capaz de defender as ideias de Louçã, mas os tempos são outros...

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