sábado, janeiro 17, 2004

Contradições...

O Governo voltou, pelo segundo ano consecutivo, a apresentar uma proposta diferenciada de aumentos salariais na Função Pública, materializada num aumento de 2% para aqueles que auferem menos de 1 000 euros e um congelamento salarial para os que vêem ultrapassado aquele valor no seu vencimento.
Logo vieram os Sindicatos em peso manifestarem o seu desacordo relativamente a esta proposta. Penso que há aqui alguma incoerência por parte das organizações sindicais, na medida em que no ano passado quase todas elas concordaram com esta mesma solução para os aumentos salariais na Função Pública em tempo de vacas magras. Ora, se este ano continuamos a viver em crise, esperando-se que apenas no ano 2005 haja uma vedadeira consolidação orçamental é de bom senso a proposta apresentada pelo Governo.
Ainda para mais, não são os Sindicatos que se estão sempre a queixar que deveria haver uma verdadeira política de justiça salarial? Ora, não é esta uma medida equilibrada de proposta salarial, com aqueles que ganham menos a serem privilegiados em relação aos que ganham mais de quase três vezes o salário mínimo nacional?
Há, pois, aqui alguma contradição entre o discurso dos sindicatos e a sua prática corrente... Por um lado, defendem que os que ganham menos em Portugal devem ser beneficiados e, por outro, exigem aumentos salariais uniformes para todos os funcionários públicos.
O que o Governo agora propôs, não é a prova de justiça salarial que a esquerda e os sindicatos tanto reclamam? Claro que nem tudo são rosas e que existem muitos casos de injustiças, como no caso das reformas dos políticos e dos salários dos Directores-Gerais de Empresas Públicas. Mas, não confundamos os casos. Aqui, apenas estamos a discutir a proposta de aumento salarial na Função Pública e a correspondente reacção dos Sindicatos e, nesta matéria, concordo com a medida do Governo.
Melhores dias virão...

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