quarta-feira, março 03, 2004

Manual de resolução de problemas (a propósito do aborto)

Quando surge um problema, seja de que nível for, há duas formas de o encarar: desenvolvendo soluções que visem acabar com as causas que estão na origem desse problema, ou então, virando as costas ao dito probema, fazendo de conta que o mesmo não existe.
Digo isto porque, no debate que hoje teve lugar na Assembleia da República sobre o tema da despenalização do aborto, foi possível constatar que existem duas formas de fazer frente ao problema do aborto: uma, protagonizada pela esquerda política que vê o aborto, não como um problema, mas como uma necessidade que deve estar ao dispôr de uma qualquer mulher que, simplesmente, não quer ser mãe e, outra, bem diferente, que tem em conta que o aborto é um problema civilizacional, que urge combater nas suas causas primárias.
Ora, acho esta última maneira de encarar o problema do aborto como a mais razoável e a que mais se coadugna com uma sociedade que quer preservar os seus valores éticos e morais e, não como diz o povo, de "fugir com o rabo à seringa".
Dou três exemplos. Será que para o problema do alcoolismo o melhor deverá ser pôr à consideração de cada um a quantidade de álcool que quer ingerir ou, pelo contrário, combater as causas psicológicas que levam a esta doença? Será que para o problema do insucesso escolar o melhor será baixar o nível de exigência, para assim termos mais alunos a transitar de ano ou, pelo contrário, combater as reais causas que levam a este problema educacional? Será que para o problema da droga o melhor será "conceder" livremente estupefacientes aos toxicodependentes ou, pelo contrário, combater as causas sociais que levam a este flagelo?
Para qualquer problema (com excepção da morte) há uma solução, que deve passar pelo combate às suas causas e não pela assunção de um "fechar de olhos" ao dito problema. Por isso, concordo com a direita portuguesa que considera que o aborto deve ser abordado numa estratégia de combater as causas sociais, psicológicas, familiares ou outras que podem levar uma mulher a considerar a hipótese de interromper voluntariamente uma gravidez.

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