A viragem política que ocorreu ontem em Espanha, com o regresso dos socialistas ao poder, só poderá surpreender os mais distraídos, depois de analisados friamente todos os acontecimentos ocorridos nos últimos três dias, a contar desde o dia do terrível atentado que abalou Madrid e todo o mundo civilizado.
A verdade é que este acto terrorista fez com que muitos milhares de espanhóis esquecessem os quatro anos de governação da direita em Espanha e centrassem toda a sua atenção na forma possível de exprimir o seu medo em relação ao terrorismo perpetrado por diversos grupos islâmicos, que lutam contra o mundo desenvolvido, democrático e livre. Esses espanhóis (calcula-se em mais de 2 milhões) que estavam a pensar abster-se, por não terem preferência entre o PP e o PSOE, resolveram, a partir do dia do massacre, não ficar em casa e exercer o seu dever cívico, mostrando um cartão vermelho ao Governo que, segundo eles, "abriu" as fronteiras de Espanha aos grupos terroristas islâmicos... Claro que esta é uma visão muito redutora de como se combate o terrorismo, mas o povo é soberano e, só é pena que, tal como acontece em Portugal, muitos cidadãos apenas se lembrem de exercer o seu dever democrático de eleger um Governo, quando o terror e o medo os aflige.
Estas foram umas eleições longe da normalidade, dominadas, não pela razão, mas sim pela emoção e pelo medo. Desta vez, os terroristas ganharam a sua batalha e concretizaram, por agora, os seus objectivos. Mas, certamente, que irão perder a guerra que iniciaram contra os valores do mundo democrático e livre...
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