A hipótese avançada ontem pelo Ministro da Educação, David Justino, de se instituírem exames nacionais no 6º ano de escolaridade, com peso na nota de final de ano dos alunos, foi já criticada pela oposição parlamentar, mas também, surpreendentemente, pela Confederação Nacional das Associações de Pais (Confap) e por diversos representantes das associações de professores de Matemática e de Português.
Quais as razões que levarão a que, tanto a opsição, como os pais e os professores, não queiram que os alunos sejam avaliados no final do 6º ano, que irá corresponder, caso a proposta do Governo da nova Lei de Bases da Educação seja aprovada, ao ano de passagem do novo ensino básico (1.º ao 6.º ano) para o secundário (7.º ao 12.º ano)?
Quanto ao PS, PCP e BE, o mais certo é que a sua oposição às pretensões do Governo tenha apenas que ver com razões de oportunismo político-partidário, por forma a desgastar o trabalho desenvolvido pelo Ministério da Educação e, assim, aproveitar a onda de constestação dos sindicatos de professores.
No que concerne à Confap, as motivações para a sua posição negativa em relação à proposta de David Justino terá que ver, talvez, com o facto de, com esta nova "fornada" de exames, se verificar uma elevação do nível de exigência relativamente às capacidades cognitivas dos alunos, o que não deverá agradar a muitos pais. Contudo, não acredito que esta Confederação seja realmente representativa da maioria dos encarregados de educação, pois todos sabemos que a maioria dos pais não se deixam envolver neste tipo de associações, que muitas vezes servem apenas de meio de "trampolim" para outros voos de protagonismo a nível local.
Finalmente, que dizer das afirmações dos representantes dos professores de Matemática e de Português? Será que veem estes exames como um obstáculo à antecipação das suas férias de Verão ou mais como uma forma de os obrigar a cumprir o programa?
Como professor, penso que deveríamos voltar ao nível de exigência dos anos 80, em que, com ou sem exames, só transitava de ano quem realmente demonstrasse ter capacidades para tal. Infelizmente, nos últimos anos, tem-se verificado, regra geral, um maior facilitismo no ensino, sobretudo nos primeiros anos de escolaridade, que faz com que tenhamos muitos alunos nos 7º e 8º anos de escolaridade que não saibam localizar Portugal no mapa, desconheçam a diferença entre monarquia e república e que só consigam (quando conseguem!) fazer contas de somar e subtrair.
Tanto facilitismo, porquê?
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