O Ministro da Educação, David Justino, admitiu quinta-feira passada que pretende reformular o ensino do 3º ciclo, acabando com algumas das disciplinas que fazem parte do programa curricular. Afirma o Ministro que os alunos, ao chegarem ao 7º ano de escolaridade, são confrontados com uma sobrecarga excessiva de conteúdos a adquirir, que tem consequências no sentido oposto.
Concordo inteiramente com este ponto de vista. Já aqui escrevi vários artigos relacionados com esta matéria. Efectivamente, a teoria segundo a qual, quanto mais se ensina aos alunos mais eles sabem, parece-me longe da realidade, sobretudo quando verificamos que vivemos numa época em que os jovens têm cada vez menos tempo para estudar em casa (onde o tempo é ocupado com a televisão e o computador) ou mesmo fora dela (com a massificação dos hobbies relacionados com o desporto, a música e outras actividades).
Actualmente, a ocupação do tempo extra-escola é cada vez menos dedicado à própria escola. Ao chegarem a casa, os nossos jovens, na sua maioria, só voltam a pegar nos livros e cadernos no dia seguinte e, cada vez mais, só se estuda para os testes de véspera. Por isso, concordo com o Ministro na ideia de que para se saber mais, não basta leccionar mais conteúdos. Deve ocorrer precisamente o oposto: transmitir conhecimentos mais específicos, apostando em poucas disciplinas, mas cujos objectivos são mais fáceis de atingir. O que se passa agora é que um aluno do 3º ciclo tem mais de 10 disciplinas, muitas das quais, só leccionadas uma vez por semana, o que inviabiliza a possibilidade de haver qualquer tipo de ensino regular e acompanhado assiduamente pelo professor.
O aspecto negativo desta proposta ministerial é o facto de se preparar uma nova revisão curricular quando a actual tem menos de cinco anos. Ou seja, o ensino não pára de andar aos "trambolhões", ao sabor das ideias de cada Ministro...
Para quando alguma estabilidade ao nível da Educação?
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