Ao longo dos últimos dois meses o PS esteve entretido com a campanha eleitoral dos seus três candidatos ao cargo de Secretário-Geral e deixou a função de exercer oposição ao Bloco de Esquerda e aos sindicatos de esquerda. Mesmo assim, a mais recente sondagem concede uma larga vantagem ao PS, o que, provavelmente, se deve à fragilidade do actual executivo governamental ou então ao facto do PS estar fechado para "obras", dando a ideia que, às vezes, mais vale estar calado e mudo do que falar para a sociedade. Penso que tal vantagem se deve um pouco às duas situações...
Mas, o que interessa mesmo é analisar este PS e, sobretudo, o que se poderá esperar dos seus dirigentes após as eleições internas. A primeira nota a destacar é o mérito que socialistas têm em enveredarem por um processo eleitoral verdadeiramente democrático, com todos os militantes em igualdade de direitos no acto de se pronunciarem sobre o futuro líder do partido. A segunda nota é mais um ponto de interrogação do que propriamente uma certeza. É que dá a ideia que não há um PS, mas sim dois... Um virado para o centro, embora disfarçadamente (o de José Sócrates) e um de tendência marcadamente à esquerda, quase a confundir-se com a defesa de um ideal marxista (o de Manuel Alegre e João Soares). Ou muito me engano ou a partir do dia seguinte às eleições iremos ter um PS mais fragilizado e dividido, com muitos dos militantes apoiantes dos candidatos perdedores a iniciarem uma espécie de guerrilha interna que não será nada benéfica para o novo líder socialista que aí vem.
Seria bom para todos nós que deste novo PS ressurgisse uma oposição credível e séria, por forma a forçar o actual Governo para uma governação mais ponderada e cuidada. Geralmente, só há bons Governos quando as oposições dão luta e se assumem como alternativas credíveis. É o que se espera deste novo PS. A ver vamos o que aí vem...
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