O mais recente episódio do autêntico drama, que tem sido este ano, o processo de colocação de professores tem contornos verdadeiramente inconcebíveis, se se pensar que o início das aulas está previsto para daqui a apenas quinze dias, numa altura em que ainda nem metade dos docentes sabe a escola em que irá leccionar.
No ano passado, assim como nos anteriores, a maior parte dos professores tinha-se já, por esta altura, apresentado na escola em que iria dar aulas. Este ano é o que se vê! Mais de 70 mil vão ainda ao longo desta semana preencher formulários para concorrerem às escolas da zona a que estão afectos. E, muitos outros, não sabem ainda sequer se terão alguma vaga numa qualquer escola do País com horário incompleto.
É um autêntico drama. As culpas são fáceis de apontar, a começar pela incompetência do Ministério da Educação em ter encarregue uma empresa privada de proceder ao processo de colocação de professores, que deu no que deu: listas de graduação incorrectas e o consequente atraso de todas as fases seguintes. Depois, não tenho dúvidas que muitos professores não sabem preencher os formulários (em papel ou por via electrónica), havendo casos incompreensíveis de docentes que não sabem sequer ligar um computador... Finalmente, o que dizer de alguns sindicatos que, de forma indisfarçada, pretendem apenas protagonismo e a adesão de mais sócios à custa da trapalhada do processo de colocação dos docentes!
A verdade é que muitas famílias de professores (centenas ou mesmo milhares) estão por estes dias com os cabelos em pé, sem saberem se ficarão perto das suas áreas de residência ou se terão, ao menos, alguma escola em que leccionar. Claro que não podemos esquecer que muitos candidatos a professores e professores contratados ficarão de fora por inexistência de vagas. Mas, nestes casos, também não se percebe como se continuam a formar licenciados em ensino quando muitos grupos de docência estão simplesmente a rebentar pelas costuras.
Para o Ministério e os sindicatos apenas interessam os números e as primeiras páginas de jornais, mas quem sofre são os professores e, inevitávelmente, os próprios alunos e as taxas de (in)sucesso no ensino em Portugal...
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