Os recentes casos de conflitualidade entre os conselhos de administração de alguns hospitais-empresa e as respectivas direcções clínicas, ocorridos em Viseu, Setúbal e Figueira da Foz devem servir de alerta para a tutela do Estado, no sentido de estabelecer condições propícias para que a necessária gestão administrativa de importantes serviços públicos não seja sinónimo de perda de qualidade nos serviços prestados à população.
A política deste Governo em avançar com gestões profissionalizadas nos hospitais-empresas, mas, futuramente, como consta nos planos do Governo, também nos centros de saúde e nos estabelecimentos de ensino, não pode ser feita à revelia dos profissionais da saúde e da educação. O problema reside no facto de que muitos dos gestores que estão à frente dos destinos dos hospitais S.A. nada terem a ver com a área da saúde, o que não se compreende. Muitos destes gestores apenas percebem de gestão financeira, faltando-lhes o conhecimento empírico necessário para gerir serviços públicos.
Seria bom que o Governo tivesse em conta que uma gestão equilibrada e eficaz dos serviços públicos, sobretudo das áreas da saúde e da educação, só pode ser feita quando os próprios profissionais têm voto na matéria. E, a verdade é que em muitos hospitais este pressuposto, que deveria existir, tem sido, simplesmente, ignorado...
Esperemos que os futuros gestores das escolas, que vão subsitituir os Conselhos Executivos, também não sejam escolhidos à revelia dos professores...
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