Já há alguns meses atrás escrevi aqui um artigo sobre o facto de estar implantado na cidade-região do Porto um discurso de vitimização e discriminação de que a invicta é alvo por parte de Lisboa, pelo menos na opinião de muitas personalidades ligadas à vida política, económica e cultural da segunda maior cidade do País. Efectivamente, nos últimos tempos têm-se multiplicado os colóquios e forúns de debate sobre o actual estado deprimente da cidade invicta.
A este propósito, Miguel Sousa Tavares (MST) escreve hoje no Público um artigo onde sublinha que as gentes do Porto são parte do problema e não apenas vítimas, como muitos querem fazer crer. Concordo com MST quando este afirma que "o Porto terá de se haver consigo próprio e de se impor por si próprio", pois o discurso lamechas que a sociedade pensante do Porto continuamente evoca só provoca o agudizar do estado depressivo com que esta cidade se debate.
Mas, atentamos ao seguinte fenómeno. Enquanto que Lisboa e toda a sua área envolvente vive de forma equlibrada, sem quezílias e conflitos internos, no Porto reina um ambiente conflituoso, com personalidades de relevo em guerrilha permanente que só desgasta a imagem da invicta e serve de risota ao resto do País. Basta lembrarmo-nos dos conflitos e inimizades vigentes entre Pinto da Costa e Rui Rio e deste com Luís Filipe Menezes, a par das constantes bocas atiradas por Valentim Loureiro, para já não falar das prestações de Fernando Gomes ou de Nuno Cardoso. Enfim, um rol de episódios caricatos que só provam que o declínio do Porto face a novas centralidades como Aveiro ou Braga se deve em grande medida à incapacidade dos próprios decisores políticos e culturais do Porto em se afirmarem como capazes de actuar cívica e responsavelmente.
Uma coisa é certa. O Porto só poderá sair do declínio em que se meteu quando deixarmos de assistir aos conflitos de estilo provinciano que os seus líderes políticos, económcos, culturais e desportivos tantas vezes protagonizam... Até lá, Lisboa e os lisboetas continuarão a sua vida cara alegre!
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