A reacção de Luís Villas-Boas, presidente da Comissão de Acompanhamento da Lei da Adopção Portuguesa (CALAP), no Público de ontem, à decisão espanhola de permitir a adopção de duas crianças por um casal de lésbicas, suscitou, por parte de várias organizações de esquerda e de defesa dos direitos dos homossexuais, a revolta e a incredulidade, com o presidente da Opus Gay a exigir a demissão de Villas-Boas do cargo que ocupa na CALAP.
Se as afirmações de Villas-Boas assentam em pontos de vista, provavelmente, um pouco duros de rejeição pela adopção de crianças por casais de homossexuais, a resposta por parte destes revelou-se também pouco sensata e nada respeitadora da opinião de alguém que, efectivamente, tem conhecimento de causa sobre a realidade adpotiva e que ocupa cargos importantes ao nível da Psicologia portuguesa.
Para compreendermos o ponto de vista de Villas-Boas é imprenscindível ter em conta que a Psicologia, ao contrário da Física ou da Matemática é uma ciência humana, e não exacta, pelo que muitos dos postulados que muitos julgam quase dogmáticos, podem variar de acordo com a sociedade em que se inserem. E, a verdade é que, se os grupos de pressão dos homossexuais "inundam" a sociedade em geral com estudos diversos que defendem que a homossexualidade não é nenhum comportamento desviante, nem tão pouco anormal (conceito diferente de deficiente!), seria positivo que se contextualizassem os resultados destes estudos às sociedades em que se inserem e às necessidades reais de cada época.
Ora, se por um lado não é mentira que a sociedade portuguesa, em termos gerais, não vê com bons olhos a pretensão dos homossexuais em poderem adoptar, também não podemos fugir à principal realidade: não há falta de famílias heterossexuais que não queiram adoptar crianças! De facto, só valeria a pena ponderar a hipótese de alargar o direito de adoptar aos casais homossexuais se, realmente, houvesse necessidade disso. E, isto porquê? Porque, na realidade, penso que a preocupação subjacente a este assunto é definir o melhor para as crianças orfãs ou abandonadas e não definir as necessidades psicológicas ou afectivas dos homossexuais, sobretudo quando estão em causa crianças indefesas.
Seria bom que os homossexuais não "instrumentalizassem" crianças em dificuldades como forma de adquirirem um direito, que só o não o concretizam de forma natural porque a sua "mente" não deixa, pois do ponto de vista biológico poderiam concretizá-lo... Equiparar situações de infertilidade de casais heterossexuais a casos de orientação sexual "fora do normal" não me parece justo, sobretudo quando o que está em causa são os direitos das crianças a uma família condigna e não os direitos de pseudo-igualdade entre heterossexuais e homossexuais...
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