terça-feira, julho 08, 2003

O Canudo da Angústia!

Pelos mais recentes dados do Instituto Nacional da Estatística, dos mais de 400 mil portugueses desempregados que se encontram registados nos Centros de Emprego, cerca de 35% são licenciados (e alguns deles dotados até de mestrado e doutoramento). Ou seja, os contribuintes portugueses encontram-se, actualmente, a financiar cursos superiores que se destinam a formar indiví­duos destinados ao desemprego.
Tendo em conta que a tendência dos próximos anos será para nos confrontarmos com uma época de "vacas magras", com o desemprego a aumentar nas camadas da população com mais estudos, importa tomar medidas para evitar este desperdício de dinheiro e de massa humana literada.
Que fazer? Primeiro, há que apoiar o Executivo governativo no sentido de alterar a Lei de Bases do Ensino Superior, com o objectivo de colocar em funcionamento somente os cursos superiores que fazem, actualmente, falta ao país. Neste âmbito, não há que ter medo de fechar muitos dos cursos de letras e outros, continuando a impor limites na entrada de alunos para cursos que não fornecem mais valias para o paí­s. Por outro lado, o financiamento do Ensino Superior tem que deixar de estar dependente do número de alunos inscritos, para, gradualmente, estar afecto à  qualidade do ensino ministrado. Desta forma, os professores das universidades, sobretudo os efectivos, devem ser avaliados de forma rigorosa, não se aproveitando das suas regalias actuais para realizarem trabalhos de investigação particulares, e, deixando o ensino das matérias para os professores auxiliares.
Seguidamente, importará reforçar o ensino profissionalizante nas escolas públicas, mas, desde que este seja dotado de rigor e exigência, o que não acontece, actualmente, em muitas das escolas profissionais de cariz particular. O que se passa, hoje em dia, em muitas das escolas profissionais privadas é uma autêntica vergonha, com a utilização de fundos comunitários em prol de um ensino com um nível de exigência extremamente reduzido (numa escola profissional só não tira um curso quem não quer!). É necessário dotar a economia portuguesa de uma verdadeira mão-de-obra qualificada de nível médio, pois o investimento exterior só será canalizado para Portugal se tivermos mais do que "simples pensadores" altamente qualificados ou jovens profissionais especializados em "enroscar lâmpadas"!
Outro aspecto importante no sentido de evitar o desperdício de "indiví­duos com canudo" será não especializar tanto o ensino superior como se fez nas últimas décadas: um engenheiro tem de diversificar as suas capacidades e não especializar-se apenas num único ramo (hoje abundam engenharias de todos os tipos, havendo muitas que nem se sabe para que servem!). Que fará um licenciado em engenharia da linguagem? Talvez blogar?
Finalmente, ao nível laboral, há que ser exigente com o trabalhador português que trabalha em Portugal! E isto porquê? Todos sabemos que os portugueses que trabalham na França, Alemanha, Luxemburgo e Suiça são dos mais produtivos da União Europeia. Porque não acontece o mesmo em Portugal? Apenas devido à  influência dos sindicatos e à  mentalidade do típico trabalhador português, que preferiria trabalhar ao fim de semana e descansar de segunda a sexta feira. Esperemos que o Governo consiga fazer cumprir o novo Código Laboral, que em princí­pio, será aprovado.
Talvez, assim, a posse de um canudo deixe de significar uma angústia para muitos dos licenciados portugueses e Portugal consiga, finalmente, saltar para o pelotão da frente da Europa mais desenvolvida.

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