quinta-feira, julho 03, 2003

O "Circo" e a Nação

Todos os anos, por esta altura, os nossos deputados realizam um debate parlamentar sobre o estado da Nação. Pelo menos é o que eles dizem! Contudo, basta um pequeno olhar mais atento sobre este debate, para concluir que, o que os nossos representantes eleitos fazem, de facto, se circunscreve a umas quantas leituras de discursos escritos em casa, ora com boas notícias (veiculadas pelo Governo e deputados da maioria), ora com más notícias ( ditas pela oposição). Sobram depois umas quantas discussões, inundadas de "bocas" irónicas e, por vezes, mesmo de baixo nível, que se resumem a uma espécie de troca de galhardetes.
Quanto ao conteúdo do que é dito durante este debate, o mesmo fica-se pelo desfraldar de números, taxas e estatísticas, que uns defendem e outros atacam. O Governo apresenta os indicadores económicos que mais lhe interessa (nem que seja o número de telemóveis por cada 100 habitantes, que em Portugal é o maior da UE!) e a oposição debita as taxas que mais favorecem a sua teoria de que o país está de rastos (ignorando o estado em que o deixou quando saiu do poder).
É, desta forma, repetitiva e monótona, em que todos os anos se realiza o debate do estado da Nação (dizem eles!), que deveria servir para fazer uma análise rigorosa e séria do estado real do país, mas que não passa, efectivamente, de um combate de frases feitas e gastas.
E o povo? O que ganha com o debate? O mesmo de sempre: um sentimento de maior distanciamento face à política e políticos, com que os nossos deputados parecem não se preocupar.
No entanto, n�o se pense que este fenómeno ocorre apenas em Portugal. Esta é uma situação corrente, tanto nos países mais desenvolvidos da Europa, como da América e da Ásia. Felizmente que em Portugal ainda não chegámos ao ponto de assistir a confrontos físicos entre deputados, como já ocorreram em países como a Itália ou a Coreia do Sul!
Para quando uma mudança de atitude? Até lá, que remédio temos senão assistir a este "circo" que nem sequer vontade de rir dá!

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