quarta-feira, julho 16, 2003

O efeito do ouro negro em África!

Hoje, a maioria dos noticiários televisivos e radiofónicos abriram com a notícia de mais uma tentativa de golpe de Estado ocorrida em S. Tomé e Princípe. Mais uma vez, uma antiga colónia portuguesa é alvo de uma situação anti-democrática, com a anuência de chefes militares e, imagine-se, de um partido que nem sequer tem assento no Parlamento de S. Tomé e Príncipe e que dá pelo nome de Frente Democrática Cristã!
Este tipo de situações não cessa de ocorrer em África, o que faz pensar que a democracia parece ser uma utopia a Sul do Mediterrâneo. Neste caso concreto, não é de excluir a hipótese de na origem desta tentativa de golpe de Estado estar a recente descoberta de uma enorme jazida de petróleo, que poderá trazer muita riqueza ao território são-tomense.
O problema é que a possível entrada de dinheiro em São Tomé e Príncipe, fruto da exportação do seu petróleo, poderá originar mais uma situação de enriquecimento de uma minoria governamental e dos seus amigos, e não o bem-estar socio-económico do povo são-tomense. Ainda para mais quando este país tem apenas 140 000 habitantes, que vivem da agricultura e da pesca de susistências e da exportação de matérias-primas agrícolas.
Ora, a exploração e venda do petróleo poderia significar, além do crescimento económico, o desejável desenvolvimento do arquipélago. Mas, quando sabemos o que se tem passado com outros países africanos ricos em petróleo, como o nosso bem conhecido caso angolano, não é de surpreender caso mais uma vez os políticos de uma antiga colónia portuguesa se aproveitem da riqueza do país para se enriquecerem e distribuir umas migalhas (caso o façam) pelo povo!
E pensar que na origem desta situação toda esteve o terrível e irresponsável processo de descolonização preconizado pelos europeus, que teve em Portugal a face de Mário Soares e seus acólitos!

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