quinta-feira, julho 10, 2003

O fim da caça às "bruxas"

Recentemente, foi noticiado que o Partido Comunista Português (PCP) discorda de uma das medidas vigentes na Reforma do Sistema Polí­tico que o Executivo Governativo pretende levar a efeito. Essa medida, tão polémica para os comunistas portugueses, relaciona-se com a obrigatoriedade dos partidos terem de realizar eleições para os seus corpos dirigentes com o recurso ao voto secreto.
Ora, todos sabemos que o PCP tem uma peculiar forma de exercer a sua "democracia" interna, obrigando os seus militantes a votarem de braço no ar. Certamente que os dirigentes do PCP pensam que esta forma de eleição interna é a que melhor permite descobrir os opositores do seu partido, facilitando assim a sua expulsão do PCP. Claro que não o afirmam, mas o voto de braço no ar impossibilita que os elementos discordantes do partido se manifestem, pois caso o façam têm a porta de saí­da do partido aberta.
Argumentam eles que esta reforma legislativa constitui uma afronta ao livre prosseguimento da actividade do seu partido e uma tentativa clara no sentido da descaracterização da nossa democracia. Com que a democracia fosse o equivalente ao voto de braço no ar! Pura demagogia!
Pois bem, a verdade é que os comunistas estão com medo que, com a possibilidade dos seus militantes poderem contraiar as vontades da direcção através do voto pessoal e secreto, a unanimidade interna passe a ser uma pura ilusão.
Esperemos é que mesmo com o voto secreto, este partido, que continua arreigado ao passado (bem demonstrado nos seus símbolos - a foice e o martelo), deixe que os seus militantes menos ortodoxos se possam exprimir, aos poucos, fazendo valer as suas ideias. Com esta medida, o tempo da caça às bruxas no PCP está para acabar...

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